quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Graças a Deus!!!
Consegui recuperar a conta do meu amado blog!!!
Saudades sem fim....
Vamos ficar juntinhos novamente!!!!


terça-feira, 12 de julho de 2011

O QUE É SER MÃE?

NO SEGUNDO DOMINGO DE MAIO COMEMORAMOS O DIA DAS MÃES. DIA EM QUE MUITAS MULHERES QUE PASSARAM PELA MATERNIDADE VÃO RECEBER UM CALOROSO ABRAÇO ACOMPANHADO DE UM PRESENTE, UM CARTÃO COM DEDICATÓRIA DE AMOR, UM ALMOÇO ESPECIAL. MAS O QUE É REALMENTE SER MÃE?

SERÁ QUE SER MÃE É PADECER NO PARAÍSO, É SENTIR-SE UM PEDAÇO DO CÉU, É NÃO TER DIMENSÃO DA FELICIDADE DIANTE DE UM SIMPLES SORRISO?

VAMOS PERGUNTAR PRA QUEM ENTENDE DO ASSUNTO. FRANCISCA LAMEIRA, MÃE DE TRÊS FILHOS E UMA VIDA DE DEDICAÇÃO. ELA FALA DA EXPERIÊNCIA EM SER MÃE ....

SONORA ....ser mãe é uma coisa sublime que Deus deixou para cada mulher...meus filhos são muito especiais...que eu amo, que eu protejo e é o que tenho de mais importante na vida....

E PARA OS FILHOS, O QUE REPRESENTA ESSA FIGURA MATERNA? SERÁ QUE ELES REALMENTE ENTENDEM O PODER DA PALAVRA PEQUENA DE SIGNIFICADO QUE VAI ALÉM DE AMOR, DEDICAÇÃO, RENÚNCIA A SI PRÓPRIA, SABEDORIA E FORÇA?

JENIFER PEREIRA DE TRÊS ANOS É, NO MOMENTO, A ÚNICA FILHA DA KÁTIA, MAS QUE APESAR DA POUCA IDADE JÁ ENTENDE O PODER DA PALAVRA MÁGICA, AFINAL DE CONTAS, ISSO NÃO SE APRENDE, SE SENTE.....

SONORA ....eu amo minha mãe...minha mãe é muito especial, ela me leva na escola, na piscina, na pizzaria, na sorveteria, brinca comigo. Parabéns mamãe pelo seu dia!...

NÃO É EXAGERO QUANDO O CANTOR LEONARDO SULIVAN FALA ATRAVÉS DE SUA MÚSICA O QUE ELAS REPRESENTAM PARA A HUMANIDADE “UMA INVENÇÃO DE DEUS, UM ANJO QUE A TERRA CHEGOU, VOANDO NAS ASAS DO AMOR”//

E EM HOMENAGEM A TODAS AS MÃES A RÁDIO RIO MAR ESTÁ COM A PROMOÇÃO “ MINHA MÃE, UM PRESENTE DE DEUS”, VOCÊ LIGA, DEIXA SEUS DADOS E NESTA SEXTA FEIRA VAI CONCORRER A PRÊMIOS. O SORTEIRO SERÁ NO PROGRAMA A TARDE É NOSSA//

PARABÉNS A TODAS AS MÃES!

(Matéria Radiofônica do Dia das Mães - 2011)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Aqui é meu lugar!


Olhos arredondados, pêlos volumosos e brancos como a neve (quando toma aquele banho), boca pequena e perfeita. Parece mais um coelhinho, só parece.
Príncipe, parece até que foi ontem que chegou para alegrar a vida de toda uma família, em especial, a de seu dono, o Nelsinho. São tantas histórias... Príncipe chegou de presente, a pedido da mãe do Nelsinho, Azenilda (conhecida por Neca), que percebeu que seu filho gostava muito de cachorro.

Príncipe conquistou o coração de todos, até mesmo do pai do Nelsinho que, até então, repudiava animal, principalmente cachorro. Pasmem, ele passou a ser o avô querido do Príncipe!
Dentre muitos momentos marcantes na vida desse animalzinho, certo dia, seu ex-dono, Jocenildo, pediu para o príncipe “passar” uns dias em sua casa. Ele queria que Príncipe espantasse alguns ladrões que estavam roubando suas criações de pinto. Contudo, não contava que o Príncipe guarda-costas, iria adoecer de saudade de sua família querida – especialmente de seu velho avô Nelson.
Quando Nelson soube de sua doença pediu que devolvessem seu cachorro imediatamente. Na volta para casa, Príncipe dá altos vexames no ônibus, provocou nos braços da Bisavó, Odenilda, avó materna do Nelsinho.
Certo dia, seus donos decidiram mudar de cidade, e é claro que o Príncipe como integrante da família, teve que seguir junto. Isso se não tivesse ocorrido um probleminha: o príncipe foi colocado na carroceria da caçamba junto com a mudança.
Nelsinho já estava na casa nova esperando o resto da mudança e seu melhor amigo, mas para a surpresa e tristeza de todos, a caçamba chegou sem o Príncipe:
- e agora, o que aconteceu?
- Caiu, e se não morreu com o impacto da queda, deve ter sido roubado ou atropelado em plena BR 163 Santarém-Cuiabá.

Tristeza...........

Saber o que aconteceu com o príncipe era mistério total. A face do Nelsinho e do avô Nelson era de mexer com o coração de qualquer pessoa. Quando perguntavam pelo Príncipe para o Nelsinho, sua resposta era sempre a mesma:
- “O pinshípe vem no carro e ele não vai mais pular...”
A esperança de rever seu companheiro era grande, coisa que os adultos já julgavam como algo impossível, isso por que dias depois Fábio-Café (tio do Nelsinho) avistou em plena pista da BR 163 – Santarém Cuiabá o couro de um animal parecido com o príncipe...
- Oh santo Deus! Notícia que ninguém queria receber!
Foi quando, em busca de amenizar essa árdua perda, os familiares e amigos dos enlutados resolveram se mobilizar para conseguir um cão parecido com aquele que em vida se chamou “Príncipe Lameira Sales”.

Semanas depois...

Certo dia, Fábio-Café, retornando do trabalho, avistou um cachorro parecido com o falecido. Ao se aproximar, o susto foi maior:
- “Existe reencarnação, ou eu estou vendo um fantasma?!.Como pode ser?! eu vi o couro do Príncipe na avenida Cuiabá! ”.
O cão estava próximo de um açougue. Esperando pela compaixão de receber, nem que fosse uma migalha dos restos de pele de carne bovina imprópria para consumo humano. Ainda não acreditando no que estava vendo, Fábio pergunta ao açougueiro:
- “De quem é esse cachorro?”.
O açougueiro responde:
- “Ah meu amigo, não sei. Ele apareceu esses dias do nada pra essas bandas, e vive por aqui”.
Café retruca:
- meu amigo, esse cachorro é do meu sobrinho, o senhor não imagina o quanto a família do meu irmão está sofrendo, pensando que ele está morto. Quer ver uma coisa? ”Príncipe!!!!”
Gritou Café.
O olhar do sofrido animal se voltou na direção do café. Mas assustado com tantas coisas novas acontecendo em sua vida, Príncipe, não deu bola e saiu de fininho.
Seu avô Nelson, ao receber a notícia que seu neto e velho amigo estava vivo, saiu com café em busca do reencontro, mas chegando no açougue, o Príncipe não estava mais. Desistir, jamais. Lá estavam eles em plena BR em busca do animal...
Tarde da noite, numa comunidade de poucos habitantes, avistaram o Príncipe sendo expulso por uma vendedora de churrasquinho. Devia estar mendigando uma janta para amenizar a fome.
Nelson sem conter ás lágrimas, grita:
- “Príncipe!!!!”
Não era cena de filme de Hollywood, mas emocionou a todos.
Príncipe deu aquela olhada, retribuindo a emoção, e disparou numa carreira emocionante e se jogou nos braços de Nelson, o vovô.
“E não me perguntou nem por aonde eu andei, os bens que eu gastei, mas nada me restou, mas olhando em meus olhos somente me amou e ao me beijar, me acolheu num abraço de Pai” “Ops!” de Avô (trecho da música o filho pródigo, cantora: Adriana)”.
Príncipe voltou para a casa e desde então vive feliz ao lado de sua família querida. Vez ou outra, os carros, na Avenida Rui Barbosa, freiam em cima ou tiram fino do animal, que adora pegar vento nos finais de tarde em sua nova cidade, Santarém do Pará.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Amor as margens do Rio Tapajós



Árvores balançam ao soprar do vento, pássaros cantam alegremente, de repente a tarde caí, o sol se esconde no infinito, paisagem linda, só vista lá, naquele lugar chamado Camará.
Assim ia-se mais um dia naquele lugar que parecia mais um paraíso. São tantas recordações.......
Lugarejo inesquecível para Mariete. Sua infância de ribeirinha foi curtida exatamente como manda o figurino ou lugar. Alimentação saudável, a base de peixe, caça e muita fruta nativa, como: Ata ingá, araçá e outras.... Livre para brincar com os irmãos, primos e amigos.
Mariete vem de uma família legal, um pai paraibano maravilhoso e uma mãe, meio rígida, típico de sua raça cabocla, mas com a única intenção, de que todos fossem, no futuro, pessoas do bem.Eram 11 irmãos, 8 homens e 3 mulheres, não vem ao caso, aqui, citar o nome de todos, basta dizer que são pessoas que aprenderam a valorizar a vida através do trabalho digno do campo herdado pelos pais.Dois deles, hoje, fazem festa no céu,assim como o patriarca Benedito.Saudade!!!.
São tantas lembranças, hora fazem chorar de saudades, hora fazem rir das recordações.
As idas e vindas a beira do rio Tapajós para tomar banho com aquela criançada em peso. Eram tantas brincadeiras divertidas, dentre elas, pira-cola, bandeirinha....ah, não se pode esquecer das brincadeiras de inverno.Quando chovia pela noite, logo pela manhã, o destino era o barranco, o barro molhe e escorregadio que proporcionava momentos contagiantes de pura adrenalina.
È bom deixar bem claro que não foi no Camará, hoje conhecido por Vista Alegre, que inventou-se o tobogã, apesar de não saberem que isso existia, lá estavam eles escorregando de cima a baixo no barranco, numa velocidade impressionante, o freio era a areia.
Quem avistava de longe via fantasmas. A trabalheira era pra tirar a piririca do corpo e lavar a roupa para que os pais não desconfiassem da travessura, caso contrário, a vassourinha seca da matriarca tinha destino certo, lombo das costas e por onde pegasse; de recordação ficavam as marcas, tipo queimadura, que perduravam por dias.
Brincadeiras a parte e responsabilidade naquela pequena notável. Depois da brincadeira lá ia ela com a turma. Com a panela de água na cabeça abastecia todas as latas para ter água suficiente para o consumo diário. Encanação e energia era coisa de livros de historinha da escola. A luz na noite, ficava por conta da lamparina e às vezes a lua dava uma mãozinha.

Anos depois......

Já na adolescência, os pais da morena, vendo a necessidade de uma educação melhorada para sua vida a transportaram para uma Vila do outro lado do rio, localizada no Planalto, denominada Belterra, foi viver num bairro que tinha o nome de “Bode”. Lá a jovem Mariete passou dos 12 aos 15 anos. Foi lá, também, que ela teve seu primeiro contato com a energia elétrica e água encanada, não em casa, tinha que acordar às 5 horas da manhã para abastecer a caixa nos fundos do quintal da casa onde morava. Seus acolhedores, um casal amável, Chico e Joaquina. Graças a bondade desses senhores a tapajônica teve a oportunidade de uma educação mais elevada, isso mesmo, chegou a concluir a oitava série do primário, na época, isso era uma grande conquista.
Lá, também, aconteceu o primeiro despertar para a emoção da paixão, dentre alguns namoros de adolescência, ficou noiva de uma pessoa maravilhosa, um homem que era o sonho de qualquer mulher, Manoel era seu nome, homem trabalhador, romântico, educado e lindo.
Mas como a vida prega surpresas... Certo dia Mariete foi passar as férias com seus pais. Num desses passeios de final de tarde, ela convidou suas primas e colegas e foram assistir a uma partida de futebol no Paricatuba, comunidade vizinha do Camará. Quando de repente ela vira e vê aquele homem que mudaria para sempre sua vida. Seus olhos se encontraram e reciprocamente admiraram-se. A emoção inexplicável foi perceptível a todos naquele momento.
Logo após as apresentações veio a certeza de um sentimento já mais existido na vida daqueles jovens adolescente, era o amor pedindo licença a seus corações.
Os encontros às escondidas viraram rotina durante aquelas férias que jamais teria fim, isso por que na hora da volta para Belterra, veio a notícias que quase ninguém esperava, até por que poucas pessoas sabiam da relação, com medo da reprovação dos pais; estavam grávidos! Isso mesmo. E agora? Aí veio a reunião das famílias, e a sentença: “Casem-se”, para os réus foi a sentença mais justa e esperada de suas vidas.

E o noivo Belterrense?............

Para o noivo Manoel que aguardava ansioso a chegada de sua amada para marcarem a data do casamento, agora, teve que se conformar com a carta desfazendo o noivado, e o pior, nela relatado detalhes do motivo do desfecho.

O casamento......

Foi numa tarde de verão, numa igrejinha na comunidade ao lado do da Camará, denominada Muratuba. Através do vestido longo, enfeitado de lantejoulas, da noiva já dava para notar o crescimento do primeiro fruto daquele amor. Foi uma festa bonita.
A lua de mel foi programada para ser passada na casa nova. Logo após as comemorações, o casal colocou os presentes de casamento e os pertences da noiva numa canoa, propriedade do noivo, e seguiram rumo a comunidade de Paricatuba, onde estava localizada sua residência.

Vida nova.............

A casa ainda não era a dos sonhos, de apenas três compartimentos, piso e paredes de barro; daquele que servia para a diversão na época da infância, lembra? A sua cobertura era toda na palha, uma casa tipicamente nativa. A felicidade no rosto do casal encobria toda e qualquer falta de conforto que viesse a ocorrer naquele momento. Futuro? Calma. Ainda estavam curtindo a fantasia daqueles dias mágicos.
Mariete, sendo uma das poucas pessoas que havia concluído a oitava série, começou a dar aula, era conhecida como a professora Mariete, ou simplesmente “sôra”, mania dos ribeirinhos de encurtar palavras. Basílio tinha suas profissões natas; pescador, agricultor e caçador. Assim foi o começo de um dos vários ciclos na história de vida daquele casal. Ambos com ânsia de dar um futuro melhor aos filhos, começaram a trabalhar arduamente. Mariete se dividia entre sala de aula e agricultura. Depois conseguiram construir um comércio de bens de primeira necessidade, que trocavam por produtos de subsistência daquela região, ou seja, os comunitários trocavam carne de caça, peixe, farinha, galhinha e outros por produtos comercializados no empreendimento do casal.
Com o passar dos anos a família cresceu, já eram cinco herdeiros, com exceção do falecimento da segunda filha do casal, que se foi aos três anos de idade. Nessa época o empreendimento já havia crescido. Agora o casal já está com o comércio, bem ampliado, com motor de luz, gerador que funcionava a noite proporcionando o funcionamento dos eletrodomésticos, além do conforto da televisão, e ainda um barco que fazia frete (locação) e linha de passageiros e produtos agrícolas para a cidade e nos finais de semana fazia cobertura de eventos com uma aparelhagem de som bem equipada, na época era uma das melhores aparelhagens das regiões Tapajós e Arapiuns.

Com o patrimônio indo bem, obrigado! A família ainda maior, agora já eram seis filhos, estaria maior se o quinto não viesse a falecer horas depois de nascido, senão nessas alturas já somariam sete guris e a maezona já estava grávida de mais um. Foi quando resolveram se mudar para a cidade de Santarém. Lá, alçar vôos mais altos, pelo menos esse era o anseio.

Em Santarém.....................

Já na cidade, Basílio continuou fazendo suas viagens comerciais, passava boa parte do tempo fora de casa. Enquanto isso, seus seis filhos, sua esposa e mais uma babá estavam levando aquela vida pacata de cidade povoada, todos ansiosos com a chegada do mais novo integrante da família. O que não esperavam era que suas vidas seriam eternamente marcadas por uma tragédia, antes, mesmo, da chegada do baby.
Numa tarde de domingo, o sol bonito despontava pra ser só mais um dia feliz de descanso para Basílio ao lado de seus filhos e esposa.
Ainda pela parte da manhã, ele vestiu uma de suas camisas preferidas, esporte fino, quadriculada, disse que ia comunicar a Babá que viesse a tarde para fazer companhia para seus filhos e esposa, pois teria que viajar novamente à noite.
Assim que saiu, a terceira filha do casal, apelidada, carinhosamente, de Pico-Pico, veio pedir colo pra mãe, e contou o sonho que havia tido na noite passada. Segundo a garota, o barco de seu pai tinha ido a pique e só aparecia o mastro fora D’água. Para sua mãe havia sido só mais um sonho.
As horas passam e de repente?? Sente um calafrio, uma falta de ar, achou até que seu filho já estava pedindo licença pra vir ao mundo, mas não era nada disso. Como de costume se debruçou na janela e ficou olhando o movimento na avenida presidente Vargas, bairro central onde residiam. O rádio ligado, e de repente um plantão de ultima hora, sobre um acidente de trânsito, com uma morte, envolvendo um ciclista e um automóvel. Minutos depois mais um plantão, dessa vez bem detalhado, com o repórter no local, descrevendo a barbárie, um ciclista que vinha na Avenida Fernando Guilhon, no sentido Centro, foi atropelado por um automóvel, vindo a morrer na hora, o homem de estatura mediana, usava camisa quadriculada e estava numa bicicleta de cor vermelha. Nesse momento Mariete não sentiu mais seu corpo, e não lembra como conseguiu ligar pra vizinha pra contar o ocorrido. Mas apesar das evidências, não queria acreditar, somente com a confirmação do marido de sua vizinha que foi até o local do acidente, foi quando o mundo parece ter desabado para aquela mulher que apesar de tanta dor da perda de seu amado ainda estava a poucos dias de dar a luz.
A dor de superar tal tragédia era algo inexplicável, acreditem! Ela deu a luz para seu caçula, sem sentir dor. A cidade se mobilizou com o sofrimento daquela mulher. Muitas pessoas, até então, desconhecidas foram visitá-la para prestar solidariedade e até em busca de adotar os pequenos órfãos.
Sem rumo, a viúva aceitou o convite dos pais e retornou para o lugar onde tudo começou na Comunidade de Camará. Agora para recomeçar uma vida em meio a tristeza, solidão, angustia e muita saudade. A vida parecia não ter sentido. O que mais ansiava, naquele momento, era que tudo não passasse de um pesadelo. Infelizmente era real.
A casa da Avenida Presidente Vargas, em Santarém, já não pertencia a família, assim como a casa do Sítio Paricatuba com todos os bens que lá restavam. O barco já não navegava mais nas maresias dos rios Tapajós e Arapiuns, agora estava ancorado sem previsão de desatraque no porto pequena comunidade. A aparelhagem que parecia ter vida própria, agora estava silenciada.

O recomeço....

Sem vontade de ver o sol nascer, e desejo de não acordar para a realidade, certa noite, em um sonho, Mariete riscando a terra sob a sombra das seringueiras, sentiu um vento forte, ao levantar o olhar, avistou seu grande amor, os cabelos lisos jogados para o lado, um pouco desarrumados pelo vento, aquele bigode inconfundível, e com sua camisa preferida, o sorriso sereno nos lábios, se aproxima e entrega um rancho e diz que estava lá apenas para uma conversa, e completa dizendo que seu lugar não era mais lá ao lado dela, mais em nome do o amor que existia entre eles, ela desse continuidade em uma vida de conquistas, cuidando de seus filhos e tocasse seus empreendimentos, pois queria vê-los felizes.Ao acordar com choro do recém-nascido, o caçula, saiu olhando para cada um de seus filhos que dormiam neste momento. E prometeu cumprir a promessa.
Voltou a dar aula pela manhã em uma comunidade vizinha, a tarde ia para a roça com seus filhos mais velhos. Nos finais de semana ela, seu irmão e seu filho mais velho, Morais, faziam festa, frete, em fim, a rotina daquele grande homem.

Tempos depois....

A Necessidade de dar uma educação melhorada para seus filhos, a viúva levou sua família para a Vila de Belterra, onde ela havia residido na adolescência.
Os filhos já criados, cada um com sua profissão. Todos, cidadãos do bem. Depois vieram os netos; cada gracinha!

Num final de tarde, Mariete varre a frente de seu comércio, quando é surpreendida por um homem de estatura baixa, calvo, pele clara, nariz afilado e lábios finos. Ele chama seu nome, ela confirma: “Sim, sou eu”. Ele retruca perguntando se ela não lembra dele e ela acena a cabeça negativamente. Ele diz que é o Manoel, o noivo abandonado por ela.
Disse que há muitos anos que não vinha naquela terra. Depois do acontecido, ele viajou, casou-se, teve filhos, e agora estava lá, a passeio, havia se divorciado da esposa. E numa conversa informal com seus familiares ficou sabendo que seu antigo amor estava residindo naquela, agora, já reconhecida por cidade, e que sabia o que havia acontecido com seu esposo.
Ela o convidou pra tomar um café e foram conversar.
Haja história, no final da conversa ele disse que a ida dele tinha um objetivo, pedi-la em casamento, dar continuidade no que haviam interrompido há 34 anos. E disse que não queria resposta naquele momento.
Depois de muitas visitas, chegou a hora da verdade. Mas para a surpresa de todos, apesar do carinho de seus filhos para com aquele homem, a Mariete não aceitou o convite.
Depois de mais alguns anos ela resolveu voltar para a cidade onde sua vida foi marcada pela maior tragédia, Santarém do Pará, mas que também foi e é, lugar de felicidades infinitas e inigualáveis.
Hoje ela vive ao lado dos filhos e busca no jeito e em cada sorriso dos netos um pouco daquele homem que foi exemplo de amor e dedicação à família, na certeza que tudo é possível, basta que se trabalhe com honestidade e dignidade.
Francely Sales

sábado, 13 de setembro de 2008

Ave Inteligente


Hei! Ta parado por quê?
Pensando no passado ou prevendo o futuro?
Esqueça tudo. Viva seu presente da melhor maneira possível, pois, é a única coisa que te pertence.
Sinta-se como um pássaro voando,
Defina seu rumo. Não tenha medo de chegar em seu destino,
Se concentre na sua direção, para que o temporal não te abale,
Não se deixe vencer pelo cansaço, voe sempre com fé e alto-confiança,
Se certifique de sua capacidade de ir além do horizonte,
Use sua imaginação para idealizar o melhor ponto de chegada,
Se fortifique na esperança de que tudo é possível, só depende de você,
Queira, faça e acredite!
Lembre-se; nunca deixe para amanhã o que você pode fazer hoje, o presente é todo seu, a final, você é uma ave inteligente.
Boa Viagem!


Francely Sales

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O Dinossauro do Rádio




“Arou! Arou!”
Quem ainda não ouviu essa frase curta nas manhãs de segunda a sexta a partir das 6 horas na Rádio Guarany FM de Santarém? É a forma carinhosa que o “Dinossauro do Rádio” atende seus ouvintes ao telefone, em seu programa “Bom dia em alto astral”. Segundo ele, é um alô ajaponezado. Humildade, alegria, naturalidade são sinônimos que classificam o soar de um homem que fez do rádio sua maior paixão. Edinaldo Luiz Mota, 40 anos de rádio, um dos pais da mídia santarena!
Cabelos grisalhos, estatura média, olhar brando, voz grave, meio rouca, diálogo compassado, característico de alguém que não fala nada sem ter certeza, Edinaldo nasceu em Óbidos, cidade do interior do Estado do Pará, no ano de 1942. Foi morar na então Vila de Belterra a partir dos quatro anos de idade, lugar onde descobriu sua vocação pelo rádio e adotou como cidade do seu coração.
Infância e adolescência
Desde sua infância, participava dos movimentos da igreja Santo Antonio (padroeiro de Belterra), como coroinha. Chega a recordar com saudades de alguns padres que por lá passaram como Dom Tadeu, Frei Raimundo e outros. Devido seu envolvimento com a igreja, passou a ser locutor dos serviços de auto-falantes da Paróquia, principalmente na época de arraial. Nunca foi uma pessoa de se limitar em uma só atividade. Paralelo as suas ocupações profissionais, também jogava futebol pelos times Belterra e União. Com o passar dos tempos, passou a ser preparador físico, enquanto seus trabalhos de locutor oficial da paróquia iam “muito bem obrigado!” Mesmo como voluntário, sua dedicação era grande!
Para aumentar seus “trocados”, Mota fazia outros bicos, como por exemplo, gravar inscrições em canetas – ”Eu gostava dessa profissão, até que um dia me deram uma caneta banhada a ouro, ah... nessa eu penei!... Metia o ferro quente, o ouro ia derretendo e fechando atrás, passei três dias pra concluir a gravação, mas deu tudo certo”. Os anos se passaram e o belterrense guerreiro é nomeado Professor de educação física, passando a lecionar em escolas tradicionais de Santarém, como São Raimundo, Álvaro Adolfo e Colégio Batista Sóstenes Pereira de Barros e em Belterra, na escola Santo Antonio, mas e o ofício de comunicador? Sempre ‘hiper-ativo’, organizava seu tempo para se dedicar a “Voz da Liberdade” (estrutura de som, semelhante a uma rádio comunitária) constituída de um auto-falante com amplificador e um projetor pendurado numa mangueira em frente a sua residência. Muitas vezes era convidado para fazer o tão conhecido “show de estúdio” (montava sua estrutura de som, prepara um palco e convidava alguns cantores) nos barzinhos da cidade.
Trajetória no rádio
Por volta de seus 26 anos, o professor Edinaldo Mota se inscreveu num teste para trabalhar na então recém inaugurada Rádio Educadora Rural de Santarém (hoje Rádio Rural), no qual participaram 75 candidatos, dos quais foram aprovados somente três; Edimar Rosas, Jota Ferreira e ele. Surgia uma lenda do rádio santareno.
“A partir daí o rádio começou a fazer parte da minha vida, sendo sem dúvida minha maior paixão”. Edinaldo passa a ser radialista-professor, radialista-vendedor lojista, radialista-funcionário da tecejuta, radialista-coordenador de escola de samba, radialista-orador de cerimonial, e, depois de anos na Universidade Luterana do Brasil(ULBRA)...radialista-advogado. Sempre conciliou uma outra atividade com sua “profissão-paixão”. Ao sair do estúdio, antes de partir para seu segundo emprego (entre tantos!), troca de uniforme. Mas é claro que, para ficar condizente com seu próximo oficio diário, nem sempre foge de olhares de quem gosta de observar:
- “já vai o camaleão?”. Perguntam os curiosos.
Segundo ele, sua rotina diária já foi bem mais complicada na época de radialista (pela manhã)-vendedor no comércio (durante todo o dia) – estudante (a noite em outra época também se dividia entre rádio (pela manhã) - vendedor no comercio(todo o dia) - radio (à noite). A única exigência que fazia era que nada viesse a coincidir com seu horário oficial no rádio (Rural 5 ás 7 /Guarany 6 ás 8 da manhã).
Na Radio Rural de Santarém passa 18 anos. Nesse período transitou por vários setores da emissora: do comercial à direção de programação e coordenador da emissora. Dentre os programas que apresentou, o qual mais se recorda é do “papo informal”. Fez tanto sucesso, que até hoje tem gente que o chama de “Edinaldo papo informal”.
Popularização
Aos domingos acontecia um show no auditório da emissora (antiga casa cristo rei na tv. dos mártires), denominado “E 29 show” apresentado até então por Èrcio Bemergui. Era o maior sucesso. Cantores regionais famosos da época se apresentavam como Demétrio Miranda, Antonio Von, Fátima Oliveira e Banda The Big Boys (atual Banda Tapajoara) e outros. Foi aí que certo dia Ércio convidou o nosso personagem para ajudar na apresentação do show. “Imagina alguém que nunca tinha encarado um público olho no olho!” Por trás dos bastidores as pernas tremiam, a testa suava. Abaixa-se então o volume do som para dar inicio ao evento. O amigo já acostumado com a multidão, sobe ao palco, com naturalidade e começa o discurso: “Boa noite! A partir de hoje, comigo! Edinaldo Mota de Belterra!”.
Com as mãos geladas, mas demonstrando segurança diante de tanta gritaria, pronuncia-se novamente “Boa noite! Eu esperava ser recebido com esse carinho, mais não dessa forma, com tanto aplauso”. Foi a maior vaia que ouvira na vida.
Desânimo pra quê? Continuou levando um papo com a turma para, no final, toda vaia se transformar em aplausos. Seu carisma o faz se tornar um dos radialistas mais populares de toda a região, continuou na apresentação do show por muitos anos.
40 anos de rádio
Hoje, com uma rotina mais branda, chegando aos seus 67 anos, radialista-advogado, fala com orgulho dos seus 40 anos de rádio partilhados entre Rádio Rural(18) e Rádio Guarany(22). Costuma dizer que tudo que foi, é e tem, deve ao rádio. “Não que outras profissões não tenham sido importantes, com todas tive a mesma dedicação”. Acrescenta que para boa parte delas, o rádio abriu precedentes. Exerce seu oficio de advogado com afinco e tem vontade de voltar a dar aula de educação física para crianças. Fica feliz com o reconhecimento das pessoas, gestos de carinho, seja de qualquer idade ou classe social, uns chegam até a cumprimentá-lo referenciando o radialista – doutor Edinaldo Mota. “Certo dia estava caminhando no cais quando encontro alguém que me conhece de Belterra... Oi seu Edinaldo, como vai?... Mais adiante encontro alguém que me conhece do rádio e da defensoria pública também - Olá Doutor Edinaldo, tudo bem?... Mais adiante encontro um moleque - fala Mota! Fala Dino!”
Não é a toa que toda essa trajetória o consagrou como “O Dinossauro do Rádio” pelos seus 40 anos no ar. A data foi comemorada com uma exposição de fotos que marcaram sua carreira no período 28 de julho a 01 de agosto de 2007, na praça da matriz. Edinaldo Luiz Mota, mais um personagem da nossa cidade mídia.